Lula elogia Janja por se aproximar de evangélicas: “Não tem que ter lado”

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) elogiou a primeira-dama Janja Lula da Silva por se aproximar de mulheres evangélicas e defendeu que o governo federal não deve ter alinhamento religioso ou político. A declaração foi feita nesta 3ª feira (23.dez.2025), durante a cerimônia de assinatura do decreto que reconhece a cultura gospel como patrimônio cultural brasileiro.

“Um governo não tem que ter lado. Um governo não tem que ter religião. Um governo não tem que ter partido. Ele pode pertencer a um partido, se ele quiser. Mas, na hora de governar, governa para todos”, disse Lula, ao mencionar reuniões promovidas por Janja com mulheres evangélicas.

Na ocasião, o presidente assinou o decreto que estabelece diretrizes para a valorização, a promoção e a proteção da cultura gospel no país. Segundo Lula, a medida atende a um pedido da senadora Eliziane Gama (PSD-MA), que participou do evento. “A tua reivindicação está sendo atendida, porque é fazer justiça ao povo evangélico e à música gospel”, declarou.

Assista à fala de Lula (50s):

Lula afirmou que o decreto tem forte valor simbólico e representa o reconhecimento da fé como expressão cultural. “É um gesto simples, mas com força simbólica muito profunda. Com esse decreto, o Estado brasileiro confirma que a fé também se expressa como cultura, com identidade e com história viva do nosso povo”, disse. Segundo ele, o reconhecimento alcança não só a música, mas também artistas, agentes culturais e espaços comunitários ligados à cultura gospel.

A cerimônia no Palácio do Planalto, em Brasília, reuniu cantores gospel, líderes evangélicos e políticos. Destaque para o presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), que é católico; a deputada federal e coordenadora do núcleo evangélico do Partido dos Trabalhadores, Benedita da Silva (RJ); e o ministro da AGU (Advocacia Geral da União) e indicado ao STF (Supremo Tribunal Federal), Jorge Messias, que é evangélico.

A primeira-dama também participou do evento e cantou com o pastor Kleber Lucas, que já esteve presente em outras agendas promovidas pelo Planalto, como a posse presidencial e o Festival Aliança Global Contra a Fome.

Em discurso com tom político, Lula afirmou que o Brasil encerra o ano em situação melhor do que a prevista no início de 2025. Disse que havia pessimismo em relação à economia e à relação do governo com o Congresso, mas destacou queda da inflação, recorde de baixa no desemprego e crescimento da massa salarial. Defendeu ainda a ampliação de políticas sociais e o papel do Estado no cuidado com a população mais pobre.

Assista à cerimônia de assinatura (1h04min):

ACENO AOS EVANGÉLICOS

Lula tem tido dificuldades de se aproximar dos evangélicos desde as eleições de 2022. Esse grupo tende a se identificar mais com candidatos de direita. O PT já tentou algumas iniciativas nos últimos anos para aumentar a interlocução com esses eleitores. Pesquisa PoderData, de 27 a 29 de setembro, mostrou que 66% dos que se dizem evangélicos desaprovam o governo e 29% aprovam.