O Bitcoin nasceu como um dinheiro descentralizado, resistente à censura e guiado por indivíduos.
Porém, com ETFs e instituições dominando o fluxo, cresce o debate: o Bitcoin perdeu sua essência original?
A aprovação dos ETFs de Bitcoin à vista marcou um divisor de águas. Desde então, bilhões de dólares entraram no mercado por vias tradicionais. Além disso, grandes gestoras, bancos e fundos passaram a deter volumes relevantes de BTC.
Estudos de mercado indicam que instituições, ETFs e empresas listadas já controlam perto de 30% da oferta em circulação, por isso, a concentração de capital aumentou, mesmo com o protocolo permanecendo descentralizado.
Entretanto, essa mudança alterou o perfil do investidor. O varejo compra menos Bitcoin on-chain. Em paralelo, cresce a exposição indireta via produtos financeiros regulados.
Como resultado, a rede registra menos endereços ativos, apesar da valorização do preço, ou seja, o Bitcoin sobe, mas circula menos entre usuários comuns.
O movimento contrasta com a visão original do projeto.
No white paper de 2008, Satoshi Nakamoto afirmou:
Portanto, a ideia central era eliminar intermediários, hoje, entretanto, custodiantes, bancos e ETFs voltam a ocupar esse papel.
A entrada institucional trouxe efeitos claros. Por um lado, aumentou a liquidez e reduziu oscilações extremas de preço. Além disso, o Bitcoin passou a ter maior correlação com mercados tradicionais, como ações e juros. Isso reduz seu caráter independente em cenários macroeconômicos.
Por outro lado, cresce o risco de centralização econômica, mesmo sem alterar o código, ETFs concentram votos indiretos, influência regulatória e poder de mercado.
Governos também avançam, muitos discutem regras mais rígidas para custódia, tributação e uso. Assim, o Bitcoin deixa de ser apenas uma ferramenta de resistência financeira. Ainda assim, defensores argumentam que a essência técnica permanece intacta, qualquer pessoa pode rodar um nó, fazer autocustódia e transacionar sem permissão.
O Bitcoin não perdeu sua essência técnica, mas sua dinâmica social mudou, hoje, o protagonismo é institucional, não do varejo.
Portanto, o ativo vive uma contradição: mais aceito, porém menos usado como dinheiro soberano. O futuro dirá se essa institucionalização fortalece o Bitcoin ou dilui seu propósito original.
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