A ministra do TST (Tribunal Superior do Trabalho) Kátia Magalhães Arruda determinou que os sindicatos mantenham 80% do efetivo em atividade em cada unidade dos Correios, no processo que trata do dissídio coletivo da categoria.
Segundo o jornal O Globo, a decisão proíbe dirigentes sindicais de atuar na entrada das unidades para impedir a entrada de funcionários e a circulação de cargas postais durante o movimento de paralisação.
A medida se dá depois de sindicatos de algumas das maiores bases de funcionários da estatal aprovarem, na 3ª feira (16.dez.2025), greve geral por tempo indeterminado. A paralisação entrou em vigor às 22h do mesmo dia. As assembleias locais aprovaram greve em Minas Gerais, Paraná, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Ceará, Santa Catarina, Mato Grosso e Paraíba. Em São Paulo, os trabalhadores aprovaram a paralisação contra a orientação da direção do sindicato paulista.
As entidades anunciaram as paralisações depois de assembleias em cada base. Trabalhadores cobram reajustes e o benefício de fim de ano conhecido como “vale-peru”, além de reclamarem da falta de proposta de recomposição com base na inflação. Os sindicatos dizem que os funcionários não são responsáveis pela situação financeira da empresa e que não devem ser sacrificados por isso.
A disputa trabalhista se desenrola enquanto o TST conduz reuniões de mediação desde 11 de dezembro. Houve encontros na 2ª feira (15.dez) e na 3ª feira (16.dez), sem acordo até o momento. O impasse se arrasta desde julho, quando venceu o ACT (acordo coletivo de trabalho), que vem sendo prorrogado. No acumulado até setembro, os Correios registraram prejuízo de R$ 6,1 bilhões.
Nesse contexto, a Findect (Federação Interestadual dos Empregados da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos) criticou uma determinação do vice-presidente do TST, ministro Guilherme Augusto Caputo Bastos, para que federações convoquem assembleias e coloquem em votação uma proposta de acordo mediada pela Corte. O diretor jurídico da entidade, Marcos Sant’aguida, disse que o magistrado “esconde o direito do trabalhador ter seu salário atualizado”. A proposta mencionada no despacho determina, entre outros pontos, a renovação de 79 cláusulas, recomposição salarial de 5,13% a partir de janeiro de 2026 (com pagamento a partir de abril de 2026) e vigência de 2 anos.
Os Correios dizem buscar rever cláusulas do acordo e afirmam que o pacote de benefícios está acima do mercado e da CLT (Consolidação das Leis do Trabalho). A estatal está em crise de liquidez e tem dívidas acumuladas, ao mesmo tempo em que gasta R$ 15,1 bilhões por ano com a folha, valor que inclui gratificações previstas no ACT, como adicional de 70% nas férias e pagamento de 200% em dias de descanso semanal ou feriados. A empresa também planeja um PDV (Programa de Demissão Voluntária) com meta de desligar 10.000 funcionários em 2026 e 5.000 em 2027.

